terça-feira, 1 de abril de 2008

Pra não dizer que não falei das flores...

O trabalho do crítico é um trabalho inglório. Mesmo com a melhor das intenções ele suscita ódio entre os fãs mais fundamentalistas (aqueles que simplesmente “acham bonito ser feio”), e é mal compreendido por uma boa parcela dos “moderados”. É que quando falta leitura, estudo, tino, discernimento, qualquer doidivanas pode muito bem criar uma comunidade no Orkut como a exemplo “Foda-se os críticos!”, para o aplauso da patuléia. Mas ainda que existam críticos desprovidos de qualquer sensibilidade, aqueles que são movidos a uns trocados, ou aqueles que tentam desferir seus desafetos em alguma banda que, no íntimo, admira, o leitor pode se garantir de uma certeza: há também aqueles que procuram “facilitar” a vida de quem aposta em seu ponto de vista, em seu escrutínio, ainda que nenhum crítico almeje ser o porta-voz da verdade.


Como eu sou dono deste espaço virtual, não tenho a incumbência de postar religiosamente todos os dias, e isso é fantástico para o senso crítico, porque assim eu posso postar com absoluta segurança do meu discurso, pois pude meditar o suficiente sobre uma banda em questão.
Eu sou grato pelos e-mails que recebo, a maioria muito respeitosos, dos leitores que compartilham do meu prisma, ou ao menos concordam com as minha colocações nas postagens. É bem verdade que sei ser amargo quando quero, mas isso não impede ninguém de conhecer a obra do dito cujo, não é? Quando sou categórico, lancinante, é mais para livrar o leitor de uma decepção futura ao pagar 15 reais por um CD independente, quando ele não vale nem 15 reais pago pela própria banda para que levem seu CD.


Pra não dizer que não falei das flores, gostaria agora de indicar algumas bandas que tentam exasperadamente alcançar a criatividade, que possuem aquela faísca de sensibilidade, de originalidade, e que e outros termos “prometem!”. Não são bandas que fazem o meu gosto quanto gênero musical, mas como já disse reiteradas vezes, o meu intento não é o de dizer quem é bom e quem não é, partindo do meu gosto particular, e sim das evidências, ou seja, do próprio trabalho que as bandas nos oferecem.


Para a juventude que percebe o esgoto de farisaísmo e obscurantismo que o Brasil se encontra, e não suporta mais assistir a tanta gente perdendo o juízo devido a miséria pessoal ou pelo pedido do suspeito pastor, eu rapidamente indicarei as seguintes bandas:


Pecadores: Alguns os chamam de “Voodoo Industrial” e talvez seja um termo justo. Já os assisti pessoalmente e ouvi seu trabalho. Ao contrário de algumas bandas do estilo que são o lixo da infantilidade, os Pecadores não pecam em sua proposta: falam a nossa língua, não só o português, mas também o de nosso desgosto para com a realidade.

Ophiolatry: Banda de “Brutal Death Metal”, da cidade de Pindamonhangaba. Para o leitor de som mais extremo, acredite, é uma boa pedida. Também já os vi com os próprios olhos e tenho seus trabalhos. Digo pela qualidade exemplar dos músicos, pelas letras que não se limitam unicamente a blasfêmias sem sentido, pela seriedade que encaram o trabalho.

Daniel Belleza e os Corações em Fúria: É uma banda que nos faz lembrar de Secos e Molhados, e talvez seja mesmo uma influência para esses rapazes de São Paulo que fazem um som bastante exótico. Percebe-se claramente a iniciativa de se buscar algo nosso, brasileiro, tanto nas letras quanto nos arranjos; não se deixa intoxicar pela influência externa como a incomensurável maioria das bandas novas. Eu arriscaria dizer que o sangue de Chico Science passa em suas veias.

Três boas pedidas de diferentes estilos. No entanto nós que exigimos coisas boas esperemos novas flores, quem sabe uma primavera?

segunda-feira, 31 de março de 2008

O Caráter do Público Nacional


Dedicado a todos os músicos verdadeiros não reconhecidos do Brasil


Quando na metade dos anos 90 eu ainda ousava ensaiar algumas músicas próprias, uma série de dúvidas divida espaço em minha mente com aquelas ambições românticas típicas de uma juventude desalentada.
Um artista verdadeiro, bem daqueles dos pôsteres da Galeria do Rock, se preocupava com o que o seu público ou costumava seguir a própria intuição? Para ser franco, como eu sou metódico, essa me era a questão mais pertinente no momento. Por que eu queria ter uma espécie de fórmula mágica para chegar a minha “pedra filosofal”. Conversei com vários músicos, digo, vários, porque deveras foram vários! Desde uns guitarristas de blues até um pessoal de igreja! E o que eu ouvia de todos eles? Aquela sentença quase imperativa:

“Procure ser sempre criativo! A originalidade é o que distingue os músicos talentosos dos medíocres!”

Desde então eu pensei com meus botões: “O público deve se formar de acordo com o que o artista oferece, se for pequeno decerto é que a qualidade não é boa, se for grande decerto que há algo mais do que um pife tocador de instrumento”.
Nessa confiança subentendida ao julgo da audiência eu comecei então a trabalhar em minhas músicas ao máximo que pude, e lentamente, conforme eu me apresentava, fui percebendo duas verdades cruéis!

A primeira: Eu não tinha talento nenhum!

A segunda: Assim como não adianta uma democracia de analfabetos, assim tão miserável era a condição crítica do público.

Posso perfeitamente parecer estar magoado comigo mesmo, e assim atirar para todos os lados com uma venda nos olhos; bem poderia sê-lo, não fosse o fato de eu não sair com nenhum trauma depois de minha evidente mediocridade. O que eu fiquei realmente sentido foi com as pessoas... Eu me recordo de ver esse grupo de blues no qual me referi acima, tocando de uma forma tão harmônica, que qualquer fã do gênero aplaudiria veementemente aqueles rapazes! No entanto, por falta de apresentações, e de espaço e... (que lástima!) público, eles foram obrigado a se conformar com qualquer canto em fábricas e multinacionais para garantir a subsistência. E eu ligava o meu rádio e ouvia um esgoto sonoro tão asqueroso que eu cheguei a tomar as dores dos meus amigos músicos.
Será que as pessoas engolem qualquer besteira porque o sistema de educação vigente não presta? Ou quem sabe é porque nós brasileiros gostamos mesmo de tudo o que é estúpido? Isso é bem possível! Por que não?
Reparem na quantia de pessoas que existem hoje ouvindo a dita música “gospel”! Ouçam os arranjos, analisem as letras, sejam francos e me digam se aquilo é arte ou apenas um conglomerado de porcarias? Eu não sou anti-religioso não, de forma alguma! Na verdade eu estendo essa minha crítica a toda música cristã, seja católica ou de qualquer outra ramificação. Exceto quem sabe os corais gregorianos, o que resta? São músicas de ditaduras, tão insossas que só um fanático pode sentir prazer ou ouvi-las.

E o leitor acha que está livre dos lixos sonoros? O que dizer do funk? É claro que respeito à existência deste tipo de música, ora, porque censurar a sensualidade? Não é esse preconceito que estou levantando aqui; o que eu quero deixar claro é a falta de talento, de trabalho, de criatividade... Podem tocar funk o quanto quiserem, mas isso não impede ninguém de criticá-los por serem medíocres.
Existe uma clara diferença entre música dita popular a música erudita. Não vou entrar nesses pormenores óbvios a quem conhece um mínimo desta arte, mas eu estou perscrutando exatamente a música popular, ou seja, o rock, o funk, o rap, enfim, o que a rádio costuma vomitar em nossos ouvidos.
Eu assino embaixo o que os críticos de música costumam dizer sobre os roqueiros de hoje em dia. Ou repetem exaustivamente as fórmulas de décadas atrás ou então fazem algo mais explícito, COPIAM pornograficamente um ou outro artista internacional, e o mais chocante, TEM GENTE QUE ENGOLE! Isso revela uma série de evidências sobre o caráter do público nacional.

Ignorando o fato da MTV investir na mediocridade, ou seja, em várias bandas que COPIAM outras de renome internacional (ou às vezes nacional), as pessoas realmente não possuem um senso crítico apurado, as pessoas realmente aceitam o produto artístico não como um trabalho refinado, profundo, com uma proposta nas entrelinhas, mas como um cosmético, algo para entretê-las de vez em quando, estas mesmas pessoas são aquelas que muitas vezes se dizem de “pensamento independente”, quando na verdade são apenas crianças, tomando tal palavra no pior sentido que vier à mente.
Desisti da carreira artística motivado não só pela minha sincera falta de talento, mas também por perceber o quanto as pessoas amam a miséria, estas são aquelas que depois da morte de um grande poeta erguem uma estátua para o seu cadáver, como uma espécie de perdão por não o terem reconhecido em seus dias.

Sobre o Plágio na Música: A Agonia da Criatividade


A intenção do texto é tão-somente o de fazer um panorama quanto à criatividade dos artistas brasileiros, com ênfase no rock, não importando as vertentes do mesmo gênero. Desgraçadamente existem bandas que conseguem espaço na cena artística sem, no entanto, apresentar sequer um mínimo de qualidade, nenhuma proposta, nenhum talento mais propriamente dito, o que nos leva a questionar prontamente: como existem pessoas que apreciam essa miséria? O que falta no tino destas pessoas para aclamar artistas medíocres?

Podemos nos valer de uma velha sabedoria popular, “sempre há público para todos os gostos”, e deveras! Vários são os fatores que levam alguém a alcançar o êxtase ao ouvir os trabalhos de Chico Science e a Nação Zumbi, enquanto outros – também em suspiros lacrimosos – relembram com muito afeto uma Legião Urbana, por exemplo. Não discuto o direito de opção, isso seria algo estúpido de minha parte, mas o que acredito francamente é que “gosto” se discute sim, e isso poucas pessoas sabem ou o fazem.Se tudo fosse uma questão de subjetividade, colocaríamos Goethe ao lado de Paulo Coelho, Pink Floyd rente a qualquer grupo de gospel... As diferenças são tão aberrantes que só um néscio não compreenderia essas discrepâncias! Sim! Chega a ser uma discrepância a comparação feita aqui como exemplo. Mas onde estão os artistas que merecem o laurel? Ainda existem? Sem dúvida que sim, mas a intenção deste texto é expor não esses “gatos pingados” que fazem um esforço gigantesco para CRIAR, e sim a inútil maioria, que plagia artistas estrangeiros para o delírio de uma massa também inútil de coquetes que não raro acabam em... boquetes!No cenário do rock o que temos visto de novo? Nada. Temos como exemplo a banda Catedral que explicitamente copia a extinta Legião Urbana, e assim como todo plágio, todo clone, acaba por ter um conteúdo francamente inferior. Tudo o que vive à sombra não vinga. Essa é uma lei que deveria ser universal, mas onde há pitecóide há também macacada, isso é um efeito previsível, assim sendo, Catedral tem público.Vamos a alguns pontos de comparação. Quem puder ouvir ambas as músicas na seqüência tanto melhor, porque a letra, sem contar a voz e os arranjos, são estupidamente copiados, repetidos, e não unicamente os títulos das canções:


Legião Urbana – Quando o sol bater na janela do seu quarto
Catedral – Eu quero o sol nesse jardim

Legião Urbana – Que país é este?
Catedral – Rio de Janeiro a Dezembro(Música em que a letra é tão barbaramente plagiada que até um erro crasso de português ela tem, denunciando além de falta de talento, a ignorância profunda do seu autor. Onde? "E tanta gente impune pelas ruas". Gente impune? Por que se puniria as pessoas? Até onde sei uma pessoa não é crimonosa só por existir. A cagada deste autor é tamanha que nem faz idéia das consequências do erro que cometeu.)


Legião Urbana – Love in Afternoon
Catedral – Por que você se foi?


Legião Urbana – Quase sem Querer
Catedral – Meio sem querer


Legião Urbana - Dezesseis *ouçam a música.
Catedral - A Poesia e Eu *vejam o clipe.


Legião Urbana - Índios (Não conhece? "Quem me dera, ao menos uma vez...)
Catedral - Quem me dera (Acreditem. A música começa: "Quem me dera o mundo livre de todo o mal...)


Legião Urbana - Perfeição. (Ouçam a música. Reparem na idéia e na construção da letra.)
Catedral - Viva o povo brasileiro (Ouçam a música.)


Há também aqueles lugares-comum que só fã da Legião consegue captar, e que qualquer um que ouse montar uma banda de rock nacional, cantando em tom grave, jamais deveria repetir, exemplo:


Legião Urbana: Andrea Doria, trecho: "E diamantes de pedaços de vidro..."
Catedral: Vidros e Diamantes.


Parece coincidência? É porque o leitor talvez não tenha sensibilidade criativa, porque todo artista zela pela originalidade, o que nem isso vemos aqui.

E não, não, dileto leitor! Eu não estou nem querendo entrar nos detalhes quanto à vocalização, a voz imposta do vocalista. Ian Curtis cantava assim antes de Renato Russo também e provavelmente não foi Ian Curtis que "criou" a forma de cantar como se tivesse cinquenta anos. Eu sequer estou relevando isso. Que fique mui claro! O que se faz mister é que se conheça profundamente a forma como Renato Russo expunha seus ideais (sim, apesar de suas citações ser em grande parte a de outros pensadores, há uma lógica em seu arrazoado), como ele compunha seus versos, ou em outras palavras, como ele "se expressava". Qualquer um consegue captar essa identidade em um artista, e assim que se familiariza com essa fôrma, é que podemos fazer uma comparação mais adequada, sem preconceitos baratos. E fazendo isso, com a maior honestidade do mundo, os fãs do "Catedral" que me perdõem - ou não! - mas a falta de talento do seu cantor/autor é pornográfica!

Mas nem só de cópia nacional vivem os plagiadores! Se o leitor suspeita que a falta de decência diz respeito somente as bandas de dentro do espaço geográfico do Brasil muito se engana. Existe uma bandinha de nonagésima categoria que se intitula “Maldita”, não chega nem mesmo a ser uma “banda”, visto que a mediocridade a torna impotente para qualquer indivíduo com senso crítico mais ou menos refinado; descaradamente puxam do famigerado Marilyn Manson não só a forma desleixada de cantar, a utilização de samplers, sintetizadores, mas sim tudo o que puderem e mais um pouco. Vejam até onde pode chegar a mediocridade humana:


Marilyn Manson: (vídeo) “Dead to the World”
Maldita: (cd) “Mortos para o Mundo”


Marilyn Manson: nome artístico Marilyn Monroe + Charles Manson
Maldita : Qual o símbolo-mor deles estampados nas camisas? Marilyn Monroe com olhos sangrando... (sic!)


Marilyn Manson: vocalista famoso por usar uma lente de cada cor em cada olho.
Maldita: vocalista na cara de pau do século (ou burrice, falta de talento mesmo) tbm faz a mesmíssima coisa.


Marilyn Manson: Famoso por criticar a religião e pelo seu trabalho mais aclamado (Antichrist Superstar) onde trabalha o pensamento de Nietzsche.
Maldita: Acreditem se quiser, mas ousam posar de anti-religiosos e maculam o nome de
Nietzsche fazendo de conta que conhecem alguma coisa do filósofo.


Marilyn Manson: Qualquer um que já viu MM ao vivo ou em vídeo de algum de seus shows conhece sua postura "quebrada", onde não raro sangra pelos cortes no corpo.
Maldita: Acredito que não preciso falar nada... Mas como sei que há quem por sorte nem conhece essa bandinha; registre que o vocalista faz a mesmíssima coisa. (A técnica do "atire para tudo quanto é lado que algum idiota vai acreditar).


É de se pensar... De se pensar não, de se concluir. Não se trata de influência, e sim de INCOMPETÊNCIA.

Se pegarmos um fã de Manson, aquele que conhece mesmo a obra do artista, assim como um da Legião Urbana, e colocamos para ouvir essa “Maldita”, sem dúvida que ele irá marcar no papel tantas menções, plágios, que parecerá mais um jogo de “Ligue os Pontos”. E onde fica a criatividade?


Placebo - Passive Agressive
Maldita - Passivo Agressivo


"Criar" uma música chamada “Passivo Agressivo”? Um nome tão marcante da famosa banda Placebo (Passive Agressive), se essa banda fosse propositalmente uma banda de covers, é claro que a crítica não seria tão acerba, mas o cúmulo é que eles ousam manter uma pose que, em nome da sanidade mental, eles NÃO dizem respeito! Quem sabe se o baterista da banda tivesse alguma maturidade, ou algum juízo artístico, ele montasse um outro conjunto sem a maioria dos seus atuais integrantes, aí sim a nova banda quem sabe pudesse ter alguma luz própria.

O que é lamentável em última análise, eu sempre deixo isso claro, não é a existência de tais bandas, gente sem talento é o que mais existe no mundo, mas sim o fato de existirem pessoas que vão até a apresentação desses plagiadores!"O que poderemos esperar do Brasil?" algum leitor porventura há de se indagar. Mas estes mesmos que reclamam da falta de qualidade na educação, a falta de senso crítico dos “parias” da sociedade, muitas vezes são os mesmos alienados que aplaudem essas torpezas e se empolam de sentimento de superioridade, quando bem se percebe que não passam de abutres em volta da carniça! Vejamos agora um caso a meu ver ainda mais grave, aí sim algo que gera gargalhadas e não raro, ódio, o caso da música gospel.

Eu compreendo com bastante humildade que existem pessoas que precisam de uma muleta metafísica para sustentar as desgraças do dia a dia. É mais do que evidente que a religião tem seu lugar em nossa tradição, e assim sendo, não é de se espantar que tantas pessoas terminem seus dias lamentando tudo de prazeroso que fez durante a vida para um padre ou um pastor. Não levo a pena contra isso apesar de ser agnóstico.

Agora... Quem não vê a barbaridade que está acontecendo com a cultura deste país? Será que devido a tanta malandragem política, tantos crimes hediondos, tantas decepções por ter nascido nesta terrinha de ninguém as pessoas não se dão conta do fenômeno da cena gospel? Eu quero que o leitor entenda uma coisa... A qualidade técnica da música, do teatro, da poesia etc, dita "gospel" é inferior ao de uma criança de 5 anos! Não ofendo ninguém ao dizer isso, talvez só aos estúpidos. Digo que é inferior porque é e não porque eu "queira". Perscrutem as técnicas, a profundidade do que se diz, comparem com a arte "secular", sejam honestos, deus não vai atacá-los com cânceres no cérebro caso pensem.

A cena gospel é mais do que um perigo para a cultura nacional, ela é de longe uma ameaça, uma afronta, um dedo na face de toda a nossa herança. Não se trata só do plágio descarado, como as bandas que citei acima realizam, ou aquelas outras que vão na marola das influências de fora (vide NX Zero), não... neste caso a podridão é de metástase! Por que há interesses escusos, há uma clara intenção de se fanatizar, me perdoem o termo, mas até de se "alienar" ainda mais as pessoas, e isso é de uma injustiça que enoja. Arre! Há quem imite o Tim Maia explicitamente... Há quem imite até mesmo os funkeiros em nome de "cristo". Inventaram recentemente a "cristoteca", acreditem se quiser. E é apenas uma questão de opinião? Em um país de Edir Macedo, do casal Hernandes, destes pastores de merda que tossem suas insanidades na TV diariamente, é apenas uma questão de opinião? Não! São hinos à ignorância. A cena gospel inteira é uma celebração da estupidez humana.

Não oro, mas torço para que um dia as pessoas, o público mesmo, abram os olhos para todos estes vigaristas, estes capadócios, que se aproveitam da ingenuidade para tirar uns trocados. Ou então que apareça uma nova leva de artistas verdadeiros, que nos orgulhe um pouco, para variar, porque caso continuemos sendo obrigado a engolir tanta coisa repugnante, acabaremos afogados em nosso próprio vômito.

Entre as Bandas Criativas e as Ridículas



Muitas pessoas “acham” que a crítica é meramente uma questão de gosto, e que a mesma varia de acordo com o ponto de vista; sim essa é uma verdade bastante superficial, bem daquelas que ficam flutuando na água parada como o vetor biológico da dengue. Se o trabalho do crítico fosse assim tão irresponsável, vil, qualquer inepto que ouvisse Bizet (se é que precisaria ouvir nestes termos) poderia então expor toda sua sensibilidade em longas explanações sobre a música deste compositor. Puxa vida! Nós temos então mais de seis bilhões de críticos na Terra?
A verdade é que não, não é tão simples assim. E eu em particular procuro ser o mais franco possível em minhas conclusões críticas. Sob o meu ponto de vista, beira o ridículo alguém ralhar um projeto artístico quando este depois se revela uma excelência em seu gênero. Mas no Brasil as coisas são diferentes... Eu colho as lágrimas de desgosto dos críticos em geral e as guardo como minhas. Realmente a pobreza do cenário musical brasileiro é sim lamentável. Evidente que me atento ao rock, ao pop, e não à música clássica, que deixo para o escrutínio dos mais competentes.

Meus queridos leitores, sempre existirão Pitty’s ganhado prêmios! O João Gordo que me perdoe, mas sempre haverão Pitty’s levantando o troféu de plástico representando o triunfo da mediocridade. Digo isso porque no último VMB eu o vi exasperado com a imbecilidade dos ganhadores. Mas sempre aparecerá uma meia dúzia de crianças imaturas ganhando prêmios por se auto-intitularem “banda”. Não são uma “banda”, o bem da verdade é que no máximo são um “bando”.
Sempre existirão essas bandas plagiadoras de artistas internacionais e de dentro do país também, com um público moribundamente razoável. O que dizer de Pitty? A dita “roqueira”? O que dizer de Catedral? Uma banda totalmente sem luz própria, com letras que beiram o cômico de tão infantis? E aquelas bandas oitentistas que repetem as suas fórmulas pela milésima vez em prol de alguns trocados? Sem contar aquela outra que copia o famigerado Marilyn Manson para alguns adolescentes acéfalos.

Mas há alguma coisa no meio de tanta desgraça que salva? Não faz o meu gosto pessoal, mas é claro que existe! Zeca Baleiro por exemplo é um artista de qualidade. Outro nome que poderia citar é da banda Cordel do Fogo Encantado, ou mesmo não menos importante o velho Caetano, o velho Chico... Claro que existem artistas com consciência de sua obra. Ainda existem aqueles que querem propor algo, que vieram com a alma em chamas! No cenário do Black Metal, por exemplo, os leitores conhecem Murder Rape? Conhecem Krisiun? Ok... querem um nome mais radiofônico, aqueles que esperam um dia ouvir na rádio? Vou mudar completamente de gênero e indicar a banda Ludov... é uma boa pedida. Ou para os órfãos de Cazuza, Legião, Raul, ouçam de cabo a rabo o trabalho de Dado Vila-Lobos, as letras foram feitas com certo esmero, os arranjos são muito bem elaborados, enfim, são músicos de ponta. Estamos nadando em um rio tão límpido quanto o Tietê, mas acreditem, ainda há vida lá embaixo, basta paciência para procurar.


- RIR para não chorar -


Para aqueles que ainda possuem massa cinzenta, peço que comparem essas letras e depois digam se é mera coincidência, ou se a pobreza, a miséria criativa não é flagrante nessas bandas – de topeiras! – nacionais.

Banda: Rammstein

Música: América
Nós todos estamos vivendo na América,
América é maravilhosa
Nós todos estamos vivendo na América,
América, América
Quando há uma dança, eu quero conduzir
Mesmo que você esteja rodopiando sozinho
Deixem-se ser controlados um pouco
Eu mostrarei como é
Nós estamos fazendo uma dança de roda legal
Liberdade está tocando em todos os violinos
Música está vindo da Casa Branca
E Mickey Mouse está parado em frente à Paris
Nós todos estamos vivendo na América,
América é maravilhosa
Nós todos estamos vivendo na América,
América, América
Eu conheço passos que são muito úteis
E eu te protegerei de seus tropeços
E quem quer que seja que não dance até o fim
Ainda não sabe que eles devem fazer isso
Nós estamos fazendo uma dança de roda legal
Eu vou te mostrar o caminho
Papai Noel está vindo para a África
E Mickey Mouse está parado em frente à Paris
Nós todos estamos vivendo na América,
América é maravilhosa
Nós todos estamos vivendo na América,
América, América
Nós todos estamos vivendo na América,
Coca-Cola, sutiã
Nós todos estamos vivendo na América,
América, América
Esta não é uma canção romântica
Esta não é uma canção romântica
Eu não canto na minha lingua materna
Não, esta não é uma canção romântica
Nós todos estamos vivendo na América,
América é maravilhosa
Nós todos estamos vivendo na América,
América, América
Nós todos estamos vivendo na América,
Coca-Cola, algumas vezes guerra
Nós todos estamos vivendo na América,
América, América

Banda: Maldita

Música: Bastardos da Améria


Jogos e vídeo games que nós adoramos
O pró-tools e os programas de computador
Na violência os filmes que alugamos
E na capa das revistas sempre um novo amor
A gordura, o exagero, as loiras e a guerra
Assistimos na TV sem questionar
Essa falsidade maravilhosa e nós sempre querendo compartilhar
Jimmy Hendrix era americano
Jesus Cristo nos filmes eu sei que também foi
Bruce Lee e Darth Vader eram americanos
se até o Pelé é, porra! por que que eu não sou?
Nós somos todos bastardos da América
Nós também somos filhos do senhor
Nós somos todos bastardos da América
Nós também somos filhos do senhor
Hi, my name is fuck you!
Hamburgueres, fogos, e tanques de guerra
Super produções e filmes de terror
Injetamos na veia o seu lixo tóxico
Consumimos a tecnologia da sua dor
Adolf Hitler, era americano
Kurt Kobain também era, então qualé o problema?
Mickey Mause, ah esse sim americano
Ganji e o Papa também eram
Nós somos todos bastardos da América
Nós também somos filhos do senhor
Nós somos todos bastardos da América
Nós também somos filhos do senhor
Nossa alma não mais será odiada pelo vaticano
Nós somos sul-americanos
Vizinhos desses filhos da puta que fabricam mentiras
E nós como o resto do mundo simplesmente pagamos por elas

Coincidência? Não, caro leitor. As coincidências são muito esporádicas no campo artístico, e é bem mais razoável crer em plágio descarado, o que já é suficiente para um público de adolescentes necessitando de heróis (mesmo que sejam tão malvados quanto o Batman). Mas fazer o quê? Todos tem o direito de comer merda, caso sintam esse asqueroso desejo.